domingo, 2 de abril de 2017

MATO GROSSO DO SUL: FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO

      A área onde hoje se localiza o estado já era ocupada por populações indígenas quando chegaram os primeiros bandeirantes, a procura de ouro no final do século XVI. Legalmente sob jurisdição espanhola, durante os séculos XVII e XVIII a área do Brasil central foi percorrida por inúmeros bandeirantes a procura de ouro, pedras preciosas e caça aos índios. Para firmar a posse dessas terras, os portugueses construíram o forte Corumbá no rio Paraguai. Ainda no final no século XVIII a extração de ouro entra em declínio e aquela região vê parte de sua população migrar enquanto outra parte dedica-se à agricultura e à pecuária.         Foi somente com o Tratado de Madri, em 1750, que a posse das terras do atual estado de Mato Grosso do Sul passa legalmente para os portugueses. O grande impulso para a ocupação branca sobre os antigos territórios indígenas da parte meridional do Mato Grosso veio no início do século XX com a estrada de ferro. Quando a fronteira agrícola de São Paulo   atinge o extremo oeste do estado, a parte sul de Mato Grosso torna-se uma área natural de expansão dos interesses paulistas. A construção da estrada de ferro ligando Corumbá ao estado de São Paulo permitiu a concretização desses interesses. Ao longo do século XX o sul de Mato Grosso recebeu vários fluxos migratórios. Nesse momento, a instalação da Colônia Agrícola de Dourados também contribuiu para o desenvolvimento das atividades agrícolas no estado, a atração de inúmeros colonos e consequentes conflitos de terras com indígenas. A abertura e asfaltamento de rodovias federais também foi outro pólo aglutinador do desenvolvimento da área, como a BR-267, ligando o oeste de São Paulo ao entroncamento da BR-163 e desta a Cuiabá, ao norte, e Dourados, ao sul. 
       As manifestações de vontade separatistas em relação ao norte do estado tiveram início ainda no começo do século XX, quando houve uma revolta chefiada pelo coronel Mascarenhas, tendo sido, no entanto, derrotada. Em 1932, líderes do sul do então estado de Mato Grosso aderiram à Revolução Constitucionalista na esperança de uma reforma constitucional que lhes desse autonomia em relação ao norte do estado.

Emancipação política

     A ideia de desmembrar o antigo sul de Mato Grosso contornou definitivamente o atual estado em 1975, com a tese Divisão político-administrativa do Mato Grosso, que a Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) publicou, cujos dados basearam a campanha intensificada pelo desmembramento. O presidente Ernesto Geisel comunicou que o governo federal decidiu sobre o assunto durante uma reunião com o governador José Garcia Neto no dia 4 de maio de 1977. De acordo com o primeiro projeto de lei, o novo estado seria chamado de Campo Grande. Quando o Congresso Nacional aprovou a lei e o presidente do Brasil sancionou, em 11 de outubro do mesmo ano, o nome do estado foi mudado para Mato Grosso do Sul. Foi decidido que a capital do novo estado seria Campo Grande.



A COMPANHIA MATTE LARANJEIRA

       Chegou a ser um Estado dentro do país, com concessão de terras de 5.000.000 de hectares para explorar erva mate nativa. Teve origem numa recompensa que o Governo Imperial deu a Thomas Laranjeira por seu auxílio na Guerra do Paraguai. Teve sua primeira base em Concepción, no Paraguai e em 1882 um Decreto Imperial consolidou a concessão. 


      A Companhia operava no Mato Grosso e Paraguai onde criou um porto especial para suas exportações de mate que iam também para a Argentina. Esse porto passa a ser a sede da empresa conhecida como Porto Murtinho em homenagem a Joaquim Murtinho, que, já na República, era Ministro da Fazenda da Presidência Campos Salles. Os principais acionistas da Companhia eram o Banco Rio Branco, da família Correa da Costa, a família Murtinho e a família Mendes Gonçalves. A Companhia tinha ferrovia própria e a erva mate era puxada até a linha de trem por 800 carretas para cuja tração a empresa tinha 20.000 bois. Grande parte da mão de obra era indígena, especialmente guarani e kaiwá.


      De 1926 a 1929 a Companhia era tão rica que emprestou dinheiro ao Estado de Mato Grosso, as exportações para a Argentina cresceram muito, passou a ter também acionistas argentinos. Em 1943, já no Estado Novo, Getúlio Vargas cancelou as concessões da Mate Laranjeira criando os Territórios do Iguaçu e de Ponta Porã e o Serviço de Navegação da Bacia do Prata para concorrer com os navios da Companhia.
         A Companhia Matte Laranjeira foi uma típica empresa colonial de exploração de território, teve grande poder político no Mato Grosso e faz parte de todo o desenvolvimento daquela região, constituiu duas cidades que foram suas bases, Porto Murtinho e Guaíra, deixou sua marca na fase histórica do desbravamento do Oeste brasileiro. Até hoje existem empresas sucessoras do Mate Laranjeira explorando o mesmo ramo.




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