segunda-feira, 2 de outubro de 2017

MATO GROSSO DO SUL: Migração e Imigração

O crescimento do sul de Mato Grosso nas primeiras décadas do século XX se deu pela implantação da ferrovia que facilitou o intercâmbio com outras cidades do Brasil. Pessoas e mercadorias circularam mais intensamente dinamizando a vida das localidades por onde os trilhos passavam. A ferrovia foi construída para o Oeste sob a alegação da guarnição das fronteiras internacionais com Bolívia e Paraguai.
A construção da ferrovia teve duas forças de trabalho: uma iniciada em Bauru e outra em Corumbá com um grande número de trabalhadores, onde muitos deles acabaram ficando na cidade.
Os japoneses atuaram na construção da ferrovia tendo a opção de permanecer no local, dando um grande passo para a colonização no sul de Mato Grosso. O grupo de japoneses que chega com os trilhos são oriundos, na maioria, da ilha de Okinawa, ao sul do Japão. Tem como característica o tom da pele mais escuro e elementos culturais específicos. A obra foi concluída em 1.914.
A formação das cidades na capitania de Mato Grosso, depois, província, teve como estímulo: a descoberta do ouro e a defesa territorial. Já no atual Mato Grosso do Sul, onde não há a ocorrência de jazidas auríferas, a ocupação foi realizada devido a interesses estratégico militares.
A consolidação da região, de forma articulada, a uma base econômica expressiva aconteceu após a Guerra do Paraguai em função da erva-mate e da dinamização da pecuária tradicional.
Presente em Mato Grosso do Sul desde o primórdio, a migração das mais diversas regiões do país contribuiu para o seu desenvolvimento e com as características culturais do povo deste Estado.
Os mineiros vindos da região de Uberaba chegaram ao Estado em busca de negócios, pois, eles tinham papel importante com a atividade da pecuária, além de ter familiaridade em semear povoados e interesses comerciais.
Em Paranaíba, cujos domínios se estendiam até o Rio Paraná, foi freqüente a presença de paulistas especialmente os da Vila Franca de Imperador e Botucatu.
Pela fronteira paraguaia, chegaram ao sul de Mato Grosso, na década de 1.890, os gaúchos que se refugiaram das turbulências políticas que aconteciam no Rio Grande do Sul.
O surgimento dos mascates, que garantia a distribuição de mercadorias promovendo o comércio, abriu portas para os imigrantes que chegavam descapitalizados, em busca de oportunidades. Em Corumbá, vieram muitos turcos, sírios e libaneses que consolidaram negócios na região.
Com o tempo a base comercial, outrora sediada em Corumbá, transfere-se aos poucos para a capital, Campo Grande, com contribuição da visão estratégica dos árabes.
No censo demográfico de 1.920, os estrangeiros representavam apenas 9,12% da população, entretanto, eles contribuíram para uma influência decisiva na vida das cidades do Estado. Os japoneses porque participavam da construção da ferrovia, fatos primordiais da identidade campograndense e os árabes porque lhe agregaram uma nova função, que passa a ser um de seus traços, o de centro do comércio regional.
A estes seguem os portugueses, italianos e espanhóis que vieram em busca de oportunidades. Chegam também os armênios e palestinos, além de paraguaios e bolivianos que, dada a proximidade com seus países de origem, tinham aqui uma oportunidade para emigrar. Cada grupo contribuindo do seu jeito com suas características para a diversidade e riqueza cultural do Estado de Mato Grosso do Sul.

MATO GROSSO DO SUL - Os principais componentes da ‘genética” cultural de MS

A música e a culinária são os principais componentes da ‘genética’ cultural de Mato Grosso do Sul. Mas, diferentemente de muitas regiões, onde também se verifica grande diversidade humana e ambiental, a identidade cultural do Estado, moldada pela mestiçagem de costumes e tradições, mesmo estando associada aos legados migratórios e imigratórios, mantém um forte tempero regional.
A identidade do Estado afirma-se ao sabor da gastronomia, das produções musicais, artesanato indígena, artes plásticas, festas populares e danças.
A formação cultural do sul-mato-grossense está associada, portanto, à diversidade das tradições trazidas pelos migrantes e pelos imigrantes, mas algumas predominaram e deram uma característica muito peculiar às manifestações artísticas locais. E a música e a culinária se constituíram nos principais componentes da ‘genética’ de Mato Grosso do Sul, que fez de Campo Grande o centro de toda efervescência cultural.
As músicas, influenciadas pelas polcas, guarânias e o chamamé, embalam um cardápio plural e exótico na culinária que nasceu híbrida, com produtos e preparos portugueses, indígenas, africanos, asiáticos e hispânicos.

O sobá tornou-se um dos pratos mais conhecidos da culinária sul-mato-grossense. Foto: Edemir Rodrigues

Gastronomia
Em Mato Grosso do Sul é possível reunir, numa única mesa, o sobá da região central, o porco no rolete apreciado ao Norte, a sopa paraguaia comum no Sul, a linguiça típica do Sudoeste, o peixe à pantaneira assado na telha do lado oeste e o arroz com guariroba e frango ao molho pardo com quiabo e pimenta malagueta, além do arroz com pequi herdados dos vizinhos mineiros e goianos e muito apreciados na região Leste do Estado.

Porco no rolete é famoso na região Norte do Estado. Foto: Divulgação





No café da manhã tem que ter o tradicional quebra-torto – um verdadeiro almoço, onde se inclui de tudo, da linguiça ao ovo frito, com sopa paraguaia, chipa, lambreado (bife com ovo e farinha de mandioca) e ensopado de batata e carne.
Alguns pratos, no entanto, têm a preferência em todas as regiões – chipa (pão de queijo frito ou assado), churrasco com mandioca e “sopa” paraguaia, que na verdade é um bolo de queijo, milho e cebola, iguaria indispensável na mesa dos sul-mato-grossenses. Tudo isso depois de uma sessão de tereré, a bebida mais popular no Paraguai.
A roda de tereré é um dos exemplos de miscigenação da cultura sul-mato-grossense.
A influência da culinária paraguaia tem razão de ser. O Estado abriga 300 mil paraguaios, dos quais 80 mil concentrados em Campo Grande, região central, de onde essa cultura se espalha e impregna nos costumes sul-mato-grossenses, pois é cada vez mais aceita pela população.
O tereré se toma na guampa, mas não é chimarrão. Tem que ser gelado, ao contrário do mate gaúcho, servido quente, na chaleira. Outros dois costumes ‘importados’ são a chipa e a sopa paraguaia. No auge da ferrovia, a cada estação os passageiros disputavam as vendedoras de chipa. Hoje ela é vendida nas ruas, em feiras, pontos de ônibus e até em repartições públicas, acondicionadas em caixas de isopor.

Patrimônio histórico

O espaço da antiga estação ferroviária hoje é aberto para a realização de eventos culturais. Foto: Prefeitura de Campo Grande



O ser humano é um ser em constante busca, que inventa necessidades, mas não abre mão da identidade cultural, da sua história, escrita por meio das artes, da música, teatro, artesanato e artes plásticas e outras formas de expressão. O sul-mato-grossense não poderia se desviar dessa “liturgia”. A história e a cultura se completam, mas são os museus que preservam a identidade.
Mato Grosso do Sul possui vários museus e prédios antigos no conjunto do patrimônio histórico do Estado que revelam o “DNA” cultural e a influência dos processos de desenvolvimento econômico e social: Dom Aníbal Barreira, em Porto Murtinho (Padaria Velha); Cine São José e Aduana, em Bela Vista; antigo quartel da PM, em Ponta Porâ; Usina, de Miranda; Esplanada Ferroviária em Três Lagoas, Campo Grande, Água Clara, Aquidauana, Miranda e Corumbá.

Entrada do museu José Antonio Pereira. Foto: Edmir Conceição
O Museu Arqueológico revela, por exemplo, que antes mesmo do descobrimento do Brasil os índios Guaicurus dominavam toda a região do Pantanal. O Museu de Miranda traz à memória, por exemplo, que a cidade, emancipada em julho de 1778, foi a primeira do Estado a produzir açúcar.
Em cada região os museus resgatam a memória cultural e sua história, como em Murtinho há o acervo do ciclo da erva-mate e nas cidades sob a influência da ferrovia é resgatada a história da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB).

Memorial da Cultura Indígena. Foto: Correio do Estado





Na Capital os principais museus são José Antonio Pereira (da fundação de Campo Grande), do Exército, da História Natural (Dom Bosco), Memorial da Cultura Apolônio de Carvalho, Museu de Arte Contemporânea, Museu da História da Medicina, Instituto Histórico e Geográfico, Memorial da Cultura Indígena, Casa da Ciência e da Cultura, Museu da Imagem e do Som.
Os museus contam a história da economia, da sociedade, da música, da literatura, do artesanato e das artes plásticas, enfim, são o retrato do povo e seus ciclos de progresso social e desenvolvimento econômico.

Música

Almir Sater é um dos expoentes da música de Mato Grosso do Sul.
Da época de ouro da música paraguaia à viola de Almir Sater, a música sul-mato-grossense tem muito a ver com o Pantanal e sofreu bastante influência da viola do cocho na fronteira com a Bolívia e, sobretudo, do violão e da harpa.
Não se faz festa em Mato Grosso do Sul sem uma dupla de paraguaios tocando harpa e violão. Mesmo não tendo destaque na grande mídia, a música do Paraguai influenciou demasiadamente os compositores regionais.
Artistas como Paulo Simões, Geraldo Roca, Geraldo Espíndola e Almir Sater flertam com guarânias, polcas e chamamés, misturam o guarani com o português e utilizam fatos da história como inspiração. Daí a referência em suas letras sobre ‘a fronteira em que o Brasil foi Paraguai’. Influenciados por esta trupe, surge a polca-rock levando ao extremo a fusão dos ritmos paraguaios com ska, reggae, funk, blues e rock’n roll.
Outro costume que vem do Paraguai é o sapucaí. A palavra quer dizer grito em guarani e são aqueles urros que se dá quando começa uma música agitada. Em MS bastam os primeiros acordes de uma polca paraguaia para alguém puxar os gritos. Os paraguaios usavam o sapucaí também como sinais na lida do gado. Em Assunção, diz-se que o sapucaí vem de antes, quando os índios guaranis partiam para as batalhas, o que os soldados paraguaios também faziam nas sangrentas batalhas que tiveram com brasileiros, uruguaios e argentinos na Guerra do Paraguai.
Municípios sul-mato-grossenses como Ponta Porã, Porto Murtinho, Miranda, Bela Vista, Jardim e Maracaju foram tomados dos paraguaios após a guerra. Até o município de Nioaque, que fica a 200 km de Campo Grande, tudo era Paraguai, esta é a verdade. Por isso, nem podia ser diferente: o sul-mato-grossense é o brasileiro mais paraguaio do País.

Integração Cultural
A pluralidade, especialmente da música, porém, é a grande motivadora da integração de culturas. Durante todo ano o estado promove essa integração, por meio de festivais e festas regionais. Um deles é o Festival América do Sul, onde se encontram a música, dança, artesanato e fóruns de debate sobre as inquietações comuns em relação ao desenvolvimento econômico e social, além do meio ambiente, já que essa convergência se dá no coração do Pantanal.
O desenvolvimento econômico e o progresso social estão intrinsecamente ligados à cultura e essa percepção permitiu a Mato Grosso do Sul ter um rico calendário cultural que também tem o Festival de Inverno de Bonito que valoriza as festas tradicionais.

Mato Grosso do Sul tem a Festa do Sobá, em Campo Grande; o Banho de São João, em Corumbá; Festa Junina, de Nova Andradina; Festa da Linguiça, de Maracaju; Leitão no Rolete, de São Gabriel do Oeste; Festa do Divino, em Coxim; Festa da Farinha, em Anastácio; Festa do Ovo, em Terenos; rodeios de Aparecida do Taboado, de Inocência, de Cassilândia e de Santa Rita do Pardo; Procissão dos Navegantes, em Bataguassu; Festa do Peixe, em Dourados e Itaquiraí, entre outras manifestações populares.

Artesanato Indígena
A cultura também é arraigada pelos costumes indígenas. Com uma das maiores populações indígenas, Mato Grosso do Sul tem muitas produções de artesanato, algumas delas tombadas como patrimônios imateriais, como a Viola do Cocho, a cerâmica terena, o artesanato Kadiwéu e os Bugres de Conceição.

O Estado tem uma das maiores reservas indígenas. A etnia Terena, com 18 mil índios, é a maior em Mato Grosso do Sul, mas com ocupação fragmentada em diversas regiões. Além de habilidade na agricultura, os terenas são bons artesãos. As aldeias mais próximas dos centros urbanos abastecem as feiras com arroz, feijão, feijão de corda, maxixe, mandioca e milho, alimentos que formam a base de sua própria alimentação. Em Campo Grande eles expõem seus produtos ao lado do Mercadão Municipal.
A alternativa atual do artesanato Terena, como meio de subsistência, se dá, principalmente, através do barro, da palha, da tecelagem – atividades que representam um nítido resgate de sua arte ancestral indígena.
A cerâmica é trabalho predominantemente feminino. Neste particular algumas regras devem ser seguidas pelas mulheres. Em dia que se vai fazer cerâmica não se vai para a cozinha, pois acredita-se que o sal é inimigo do barro. Também não trabalham no barro quando estão menstruadas. Cabem aos homens, por tradição na maioria das nações indígenas, somente o trabalho de extrair o barro e processar a queima, tarefas que exigem maior vigor físico.
As peças são modeladas manualmente com a técnica de roletes (cobrinhas). Usam em seus trabalhos argilas de diversas cores dependendo da região: preta, branca e vermelha e amarela. Com algumas delas fazem engobes para serem usados na decoração das peças, visando a obtenção de cores contrastantes e realces pictográficos.
Os padrões dos grafismos usados pelos Terena são basicamente o estilo floral, pontilhados, tracejados, espiralados e ondulados. Eles produzem peças utilitárias e decorativas: vasos, bilhas, potes, jarros, animais da região pantaneira (cobras, sapos, jacarés que são chamados de bichinhos do pantanal), além de cachimbos, instrumentos musicais e variados adornos.
O acabamento das peças é feito com ferramentas rudimentares: seixos rolados, espátulas e ossos. O barro (massa) é preparado misturando aditivos (por eles chamados de temperos), para regular a plasticidade: pó de cerâmica amassado e peneirado, conchas trituradas e cinzas de vegetais. Numa fase anterior são retirados da argila resíduos como restos de vegetais e pedras.
As queimas são feitas em fogueiras a céu aberto ou em rudimentares fornos, usando lenha como combustão. Os indígenas verificam o estado do ciclo da queima tilintando com um pedaço de taquara nas peças. Através do som obtido constatam o estágio da cozedura.
Peças produzidas pelos Terena podem ser encontradas em Miranda, Aquidauana, e na Casa do Artesão de Campo Grande, além do Memorial Indígena na Aldeia Urbana Marçal de Souza, bairro Tiradentes.

As Nações indígenas de Mato Grosso do Sul

Ofayé Xavante – Donos de um território que ia do rio Sucuriú até as nascentes dos rios Vacarias e Ivinhema, com mais de cinco mil índios, a nação Ofaié Xavante se resume hoje a 50 pessoas, em uma reserva no município de Brasilândia.


Kadiwéu – Durante centenas de anos dominaram uma extensão do rio Paraguai e São Lourenço, enfrentando os portugueses e espanhóis que se aventuravam pelo Pantanal. Habitam os aterros próximos às baías Uberaba, Gaiva e Mandioré.

Guató – Os Guató, conhecidos como uma grande nação de canoeiros, conseguiram recuperar nos últimos anos uma pequena parte de seu território com a demarcação da Ilha Insua ou Bela Vista. Agora tentam resgatar sua cultura.

Guarani – Remanescentes dos ervais da fronteira com o Paraguai e com uma área superior a dois milhões de hectares, a nação Guarani, do tronco Tupi, tem sua população dividida em 22 pequenas áreas em 16 municípios no sul do estado.

Kaiowá – Eles vivem na região sul do Estado e no passado eram milhares ocupando 40% do território de Mato Grosso do Sul. Pertencem ao tronco lingüístico Tupi e é um dos únicos grupos indígenas que tem noção de seu território.

Terena – Agricultores, os Terena estão concentradas na região noroeste de MS. Pertencem ao tronco linguístico Aruak. Foram os últimos a entrar na Guerra do Paraguai e pode ser este o motivo de não terem sido totalmente dizimados.

Pesquisa e texto: Edmir Conceição

domingo, 2 de abril de 2017

MATO GROSSO DO SUL: REGIONALIZAÇÕES

Mesorregiões de Mato Grosso do Sul

Mesorregião é uma subdivisão do estado que congrega diversos municípios de uma área geográfica com similaridades econômicas e sociais, que por sua vez, são subdivididas em microrregiões.
O estado de Mato Grosso do Sul é dividido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em quatro mesorregiões: 

Centro-Norte: é agrupada em duas microrregiões: Alto Taquari e Campo Grande.

Leste: é agrupada em quatro microrregiões: Cassilândia, Nova Andradina, Paranaíba e Três Lagoas.

Sudoeste: é agrupada em três microrregiões: Bodoquena, Dourados e Iguatemi.

Pantanais: é agrupada em duas microrregiões: Aquidauana e Baixo Pantanal.



Microrregiões de Mato Grosso do Sul

Microrregião é um agrupamento de municípios limítrofes. Sua finalidade é integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum, definidas por lei complementar estadual. O estado de Mato Grosso do Sul é dividido em onze microrregiões:

Alto Taquari: a principal cidade e o centro regional é Coxim e o município de São Gabriel do Oeste como polo econômico.

Campo Grande: é a mais populosa microrregião do Estado. Tem a cidade mais importante do estado e é a mais rica e desenvolvida também.

Cassilândia: é uma área de produção agropecuária e encontra-se próxima a estados mais industrializados como Goiás, Minas Gerais. Chapadão do Sul é o destaque dessa região.

Nova Andradina: é um importante corredor rodoviário de acesso ao estado e tem como atividade econômica principal a pecuária de corte.

Paranaíba: localiza-se nas proximidades de estados mais industrializados como Minas, Goiás e São Paulo. Aparecida do Taboado é o pólo econômico-cultural mais importante.

Três Lagoas: principal atividade econômica é a pecuária. a indústria e o turismo despontam como alternativas. Três Lagoas é a cidade mais importante dessa região e, encontra-se entre as 3 primeiras do estado.

Bodoquena: caracteriza-se pela pecuária de corte, produção de calcário e cenários lindíssimos proporcionados pela natureza. Bonito é o principal destaque com o turismo ecológico.

Dourados: é a 2ª mais populosa, diversas atividades econômicas são desenvolvidas, a agropecuária, extrativismo vegetal, indústria, comércio, enfim é bastante desenvolvida. Dourados é o destaque, é a 2ª maior cidade do estado.

Iguatemi: área de produção agropecuária, tendo Naviraí como principal centro econômico.

Aquidauana: desenvolve-se a pecuária tradicional de corte e o turismo no Pantanal. Aquidauana é o principal centro econômico.

Baixo Pantanal: forte atividade da pecuária tradicional de corte, vias de acesso através do rio Paraguai e o turismo no Pantanal que é bastante concorrido. Corumbá é uma das principais cidades do estado e o principal centro econômico dessa microrregião.

BRASIL: REGIONALIZAÇÃOES

      A palavra região pode ser utilizada em várias escalas, em nível particular e geral, em nível econômico ou natural. Dessa forma, utilizamos o termo nas seguintes ocasiões: região produtora de café, região industrial, região rica, região pobre, região de clima tropical, região afetada por furacão e dezenas de outras possibilidades.
     As regiões se diferem por causa de suas particularidades, desprezando sua grandeza ou localização geográfica. São distintas por suas atuações com a produção agropecuária (região da soja, milho, leite, tomate entre outras), centros urbanos (região metropolitana de São Paulo e Rio de Janeiro), influência de um município (região de Goiânia, Uberlândia, Presidente Prudente etc.).
   O Brasil é dividido em Estados e Regiões. A regionalização, proposta em 1969, foi elaborada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e sua implantação efetiva vigorou a partir de 1° de janeiro de 1970. Para consolidar a divisão do país, o IBGE tomou como base os aspectos naturais, embora tenha levado em conta os fatores humanos ao formar o Sudeste. Em 1988, com a divisão do Estado de Goiás, a demarcação territorial sofreu uma modificação, o novo estado do Tocantins foi incorporado à região Norte.
      Foram criadas as seguintes Regiões:
Região Centro-Oeste: Constituída por Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, totaliza uma área de 1.604 852 km2 que abriga aproximadamente 14 milhões de pessoas.

Região Nordeste: A região caracterizada pela seca ocupa uma área de 1.556.001 km2, onde vivem aproximadamente 53 milhões de pessoas. É composta pelos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão.

Região Norte: Formada pelos estados do Acre, Tocantins, Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará e Amapá. O território é constituído por uma área de 3.851 560 km2, ocupada por aproximadamente 15,8 milhões de pessoas.
Região Sudeste: Região onde vivem cerca de 80,3 milhões de habitantes distribuídos em uma área de 927. 286 km². O Sudeste é constituído por quatro estados, são eles: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.
Região Sul: Ocupa uma extensão territorial de 575. 316 km2, onde se encontram distribuídos cerca de 27,3 milhões de habitantes. A menor das regiões brasileiras é formada pelos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No país não existem estados que integram duas regiões do IBGE simultaneamente.


     A configuração econômica, social e cultural de uma região é resultado do contexto histórico, essa pode ser alterada de acordo com diversos interesses, algumas regiões substituíram suas atuações econômicas, como deixar de extrair ouro devido seu declínio para praticar a pecuária, mudança de uma região natural para um centro industrial ou rural, diante disso fica evidente que as regiões são dinâmicas em suas características.
Regionalização proposta pelo IBGE


REGIÕES GEOECONÔMICAS
   Uma das várias regionalizações existentes sobre o território brasileiro é a regionalização geoeconômica, que divide o país em três grandes complexos regionais: o Centro-Sul, o Nordeste e a Amazônia.
      Essa divisão caracteriza-se por não considerar a divisão política entre estados ou municípios, obedecendo somente a critérios econômicos e sociais. Tal divisão é importante no sentindo de facilitar a compreensão acerca das relações de ligação e interdependência no território brasileiro.
Em linhas gerais, as três grandes regiões dessa divisão atendem a determinadas características:

Nordeste: O complexo regional do Nordeste ocupa 20% do território nacional e abriga cerca de 25% da população total. Essa região assistiu, a partir do final do século XIX, a um processo de emigração em massa para a região Centro-Sul do país. Entretanto, no início do século XXI, o que se percebe é um fluxo migratório em movimento oposto, o que representa uma espécie de “retorno” da população para o Nordeste. é a região com mais problemas sociais.

Centro-Sul: É a mais populosa, mais industrializada e considerada a mais desenvolvida do país. Cerca de 70% da população e 78% do PIB brasileiro.

Amazônia: É a maior das regiões geoeconômicas do país, é também a região menos industrializada e que apresenta as menores densidades demográficas do país. Em vários pontos dessa região encontram-se áreas denominadas como “vazios demográficos”, de modo que a maior parte da sua população se encontra nas duas principais cidades: Belém e Manaus. É o território onde se encontra a fronteira agrícola e de povoamento do país. 

    Em termos de cronologia da ocupação do território, o complexo regional do Nordeste foi o primeiro do país a ser povoado pelos povos colonizadores. Em seguida, essa ocupação se entendeu ao Centro-Sul e, atualmente, encontra-se avançando pelo complexo da Amazônia.

Regionalização Geoeconômica do MS

      Por regionalização pode-se entender a divisão de um grande espaço territorial, com critérios previamente estabelecidos, em áreas menores que passam a ser chamadas de regiões. Cada região se diferencia das outras por apresentar particularidades próprias. O Estado do Mato Grosso do Sul é pertencente a duas divisões regionais, sendo o Centro-Oeste e o Centro-Sul. Sua participação no contexto regional não é muito diferente dos outros estados do Centro-Oeste, com características físicas e econômicas similares, agroexportadores, com clima marcante de uma estação seca e outra chuvosa e um relevo muito aplainado.


MATO GROSSO DO SUL: FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO

      A área onde hoje se localiza o estado já era ocupada por populações indígenas quando chegaram os primeiros bandeirantes, a procura de ouro no final do século XVI. Legalmente sob jurisdição espanhola, durante os séculos XVII e XVIII a área do Brasil central foi percorrida por inúmeros bandeirantes a procura de ouro, pedras preciosas e caça aos índios. Para firmar a posse dessas terras, os portugueses construíram o forte Corumbá no rio Paraguai. Ainda no final no século XVIII a extração de ouro entra em declínio e aquela região vê parte de sua população migrar enquanto outra parte dedica-se à agricultura e à pecuária.         Foi somente com o Tratado de Madri, em 1750, que a posse das terras do atual estado de Mato Grosso do Sul passa legalmente para os portugueses. O grande impulso para a ocupação branca sobre os antigos territórios indígenas da parte meridional do Mato Grosso veio no início do século XX com a estrada de ferro. Quando a fronteira agrícola de São Paulo   atinge o extremo oeste do estado, a parte sul de Mato Grosso torna-se uma área natural de expansão dos interesses paulistas. A construção da estrada de ferro ligando Corumbá ao estado de São Paulo permitiu a concretização desses interesses. Ao longo do século XX o sul de Mato Grosso recebeu vários fluxos migratórios. Nesse momento, a instalação da Colônia Agrícola de Dourados também contribuiu para o desenvolvimento das atividades agrícolas no estado, a atração de inúmeros colonos e consequentes conflitos de terras com indígenas. A abertura e asfaltamento de rodovias federais também foi outro pólo aglutinador do desenvolvimento da área, como a BR-267, ligando o oeste de São Paulo ao entroncamento da BR-163 e desta a Cuiabá, ao norte, e Dourados, ao sul. 
       As manifestações de vontade separatistas em relação ao norte do estado tiveram início ainda no começo do século XX, quando houve uma revolta chefiada pelo coronel Mascarenhas, tendo sido, no entanto, derrotada. Em 1932, líderes do sul do então estado de Mato Grosso aderiram à Revolução Constitucionalista na esperança de uma reforma constitucional que lhes desse autonomia em relação ao norte do estado.

Emancipação política

     A ideia de desmembrar o antigo sul de Mato Grosso contornou definitivamente o atual estado em 1975, com a tese Divisão político-administrativa do Mato Grosso, que a Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) publicou, cujos dados basearam a campanha intensificada pelo desmembramento. O presidente Ernesto Geisel comunicou que o governo federal decidiu sobre o assunto durante uma reunião com o governador José Garcia Neto no dia 4 de maio de 1977. De acordo com o primeiro projeto de lei, o novo estado seria chamado de Campo Grande. Quando o Congresso Nacional aprovou a lei e o presidente do Brasil sancionou, em 11 de outubro do mesmo ano, o nome do estado foi mudado para Mato Grosso do Sul. Foi decidido que a capital do novo estado seria Campo Grande.



A COMPANHIA MATTE LARANJEIRA

       Chegou a ser um Estado dentro do país, com concessão de terras de 5.000.000 de hectares para explorar erva mate nativa. Teve origem numa recompensa que o Governo Imperial deu a Thomas Laranjeira por seu auxílio na Guerra do Paraguai. Teve sua primeira base em Concepción, no Paraguai e em 1882 um Decreto Imperial consolidou a concessão. 


      A Companhia operava no Mato Grosso e Paraguai onde criou um porto especial para suas exportações de mate que iam também para a Argentina. Esse porto passa a ser a sede da empresa conhecida como Porto Murtinho em homenagem a Joaquim Murtinho, que, já na República, era Ministro da Fazenda da Presidência Campos Salles. Os principais acionistas da Companhia eram o Banco Rio Branco, da família Correa da Costa, a família Murtinho e a família Mendes Gonçalves. A Companhia tinha ferrovia própria e a erva mate era puxada até a linha de trem por 800 carretas para cuja tração a empresa tinha 20.000 bois. Grande parte da mão de obra era indígena, especialmente guarani e kaiwá.


      De 1926 a 1929 a Companhia era tão rica que emprestou dinheiro ao Estado de Mato Grosso, as exportações para a Argentina cresceram muito, passou a ter também acionistas argentinos. Em 1943, já no Estado Novo, Getúlio Vargas cancelou as concessões da Mate Laranjeira criando os Territórios do Iguaçu e de Ponta Porã e o Serviço de Navegação da Bacia do Prata para concorrer com os navios da Companhia.
         A Companhia Matte Laranjeira foi uma típica empresa colonial de exploração de território, teve grande poder político no Mato Grosso e faz parte de todo o desenvolvimento daquela região, constituiu duas cidades que foram suas bases, Porto Murtinho e Guaíra, deixou sua marca na fase histórica do desbravamento do Oeste brasileiro. Até hoje existem empresas sucessoras do Mate Laranjeira explorando o mesmo ramo.




MATO GROSSO DO SUL: LOCALIZAÇÃO

      Mato Grosso do Sul é uma das 27 unidades federativa do Brasil. Localiza-se no sul da Região Centro-Oeste, Limita-se com cinco estados brasileiros: Mato Grosso (norte), Goiás e Minas Gerais (nordeste), São Paulo (leste) e Paraná (sudeste); e dois países sul-americanos: Paraguai (sul e sudoeste) e Bolívia (oeste). Sua área é de 357.145 km².

Localização do Mato Grosso do Sul na América do Sul.

     Localizado na Região Centro-Oeste, o estado de Mato Grosso do Sul faz fronteiras com os estados de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná; além de países como Bolívia e Paraguai. Seu território é cortado no extremo sul pelo Trópico de Capricórnio.
     O estado abriga a oeste, dois terços do Pantanal Mato-Grossense, a maior planície alagável do mundo e um dos ecossistemas mais importantes do planeta. Tanto que, em 2001, foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como patrimônio natural da humanidade. Outro destaque do estado são as grutas e os rios da cidade de Bonito, que atraem turistas para a serra da Bodoquena. 

Mato Grosso do Sul em detalhes

MATO GROSSO DO SUL: POPULAÇÃO

       Conforme dados do último Censo Demográfico, realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de Mato Grosso do Sul atingiu a marca de 2.449.024 habitantes, sendo a menor da Região Centro-Oeste. Esse contingente populacional corresponde a aproximadamente 1,28% da população atual do Brasil. O território de Mato Grosso do Sul possui grandes vazios populacionais, fato constatado por meio da baixa densidade demográfica (população relativa), que atualmente é de 6,8 habitantes por quilômetro quadrado. O crescimento demográfico é de 1,7% ao ano, impulsionado pelo crescimento vegetativo e pelo intenso fluxo migratório com destino ao estado.

Av. 14 de Julho, Campo Grande/MS

      O povoamento de Mato Grosso do Sul ocorreu de forma significativa durante o século XIX. Contudo, foi durante o século XX, em especial com o desenvolvimento de políticas para a ocupação da porção oeste do território brasileiro e com a expansão da fronteira agrícola, que o contingente populacional do estado teve um grande aumento, o que proporcionou uma atração de migrantes para a região. Entre os anos 60 e 70 a população sul-mato-grossense praticamente dobrou de 579 mil habitantes para 1 milhão habitantes.
      A população de Mato Grosso do Sul é bastante diversificada, composta por indígenas (o estado tem uma das maiores populações indígenas do país, é a segunda maior), migrantes paulistas, mineiros, gaúchos, paranaenses e de vários estados do Nordeste, além de imigrantes de países como Bolívia, Paraguai, Japão, Alemanha, Espanha, Líbano, Síria, entre outros. Assim como nas outras unidades federativas do Brasil, a maioria dos sul-mato-grossenses reside em áreas urbanas (85%). Campo Grande, capital estadual, é a cidade mais populosa. Outros municípios que possuem mais de 100 mil habitantes são: Dourados, Corumbá e Três Lagoas.

Censo IBGE - 2010 

   Mato Grosso do Sul apresenta bons indicadores socioeconômicos se comparados com a média nacional – o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado é o 8° melhor do país. A taxa de mortalidade infantil é de 16,9 para cada mil habitantes, abaixo da média brasileira, que é de 22. No entanto, existe um grande déficit no acesso à rede de esgoto: menos da metade da população conta com esse serviço.
ÍNDICES   
(IDHM: Geral / IDHM-R: Renda / IDHM-L: Longevidade / IDHM-E: Educação)
O IDHM é a média geométrica entre IDHM-R, IDHM-L e IDHM-E.

    A faixa etária no Mato Grosso do Sul é maioria adulta, com 56% da população entre 20 a 59 anos de idade (1,3 milhões de adultos). Os jovens, entre 0 a 19 anos, representam 34,2% da população (são 837, 3 mil jovens) e em minoria os idosos (acima de 59 anos) são 9,8% (239,5 mil idosos)
A população masculina em Mato Grosso do Sul é de 49,8% da população (1, 21 milhões) e a população feminina é de 50,2% (1,22 milhões). A identificação de cor ou raça da população sul-mato-grossense é maioria de brancos (46,8%) e pardos (44,1%). Os negros correspondem a 4,9% , os indígenas 2,9% e amarelo 1,2%. A taxa de indígenas é a maior na região centro-oeste A população sul-mato-grossense economicamente ativa é de 51,4%. A população estimada para 2015 do Mato Grosso do Sul é de 2, 6 milhões de habitantes.
     A área do Mato Grosso do Sul é de 357, 145 km² o que proporciona uma densidade demográfica de 6,86 hab./km², o que significa que a região possuiu um vazio demográfico.